A
Jorge Pessoa & Silva
Exmo. Sr.
Diversos amigos que ainda têm
a paciência de passar os olhos pelos seus escritos de opinião já me alertaram
várias vezes para o seu comportamento em relação a determinados temas, directa
ou indirectamente ligados ao Sport Lisboa e Benfica.
Por isso, li dois dos seus
últimos artigos em A BOLA, enviados por SMS por esses meus companheiros de
muitas e muitas jornadas gloriosas, pois recuso-me a adquirir e muito menos a ler
um autêntico pasquim que outrora foi uma grande referência de todos os
portugueses e onde muitos deles fizeram a aprendizagem da leitura, atendendo à
qualidade e isenção jornalística de muitos profissionais de grande categoria
que integravam uma equipa de excepção. Refiro-me obviamente à sua ode a Artur
Soares Dias cantando-lhe loas e hossanas e agora aos procedimentos e
comportamentos directivos do líder Benfiquista, Rui Costa, abordando o tema
“liderança na emergência”. Basta ler o primeiro artigo para se constatar da sua
perniciosa tendência, já viciada pelo tempo. Conclui-se de uma forma óbvia e
clara que o Sr. não é nem nunca foi benfiquista. Exortar um fulano que ao longo
da sua carreira arbitral prejudicou por vezes subrepticiamente, noutras à
descarada e com um desplante nunca visto, o SL Benfica, é como brincar aos
tétés com o Pinto da Costa ou o seu secretário-geral, o Macaco. Relembro-lhe,
por exemplo e em tempos mais recentes, já para não falar na sua longa saga
anti-Benfica, da capacidade que teve A. Soares Dias para se disfarçar de
invisual, aquando da mão de Mangala na Luz e da bárbara murraça de Pepe em
Taarabt no covil do dragão e a três metros das suas barbas ou mesmo do
escândalo de um escabroso Penafiel-FCPorto ou de uma palhaçada circense num
Vitória-Braga quando o SL Benfica se aproximava do título nacional de futebol,
entre muitas outras ocasiões em que a sua idoneidade e isenção foi jogada por
ele próprio para o pântano que é o futebol indígena há quarenta anos e que o
sr. Jorge Pessoa & Silva também foi alimentando ao longo da sua vida
jornalística.
Mas adiante. O tema Rui Costa
que garantidamente foi e é um tema que vos vai sustentando, para além de todos
os outros relacionados com o SL Benfica, obrigou-me a fazer algo que não gosto
– esboçar no final da penosa leitura um sorriso de desprezo pelo artigo e pelo
seu autor e enviar-lhe este texto.
É que de citações está o mundo
cheio, bem como de boas intenções está o inferno. Esta abordagem sobre
“liderança e emergência” que o sr. aflora, recorrendo a Arnold H. Glasow, é como
a presunção e a água benta - cada um toma a que quer. Mas alto lá! Isso não lhe
confere o direito de sub-repticiamente declarar o procedimento e comportamento
de Rui Costa inadequado, muito menos criticá-lo, nem tomar a nuvem por Juno ao
titular o seu texto com um Rui Costa, 1 – Adeptos, 1. Como é que o Sr. consegue
avaliar qual a tendência dos adeptos quanto à razão de uns e do outro sobre a
opinião que têm quanto ao treinador demitido e o timing da nova escolha? Aí, só o tempo o dirá e porventura, se o SL
Benfica vencer este campeonato o Sr. terá de meter a sua caneta no bolso e
reformular o que disse sobre a emergência e a liderança. Mas nessa altura, se
por ironias do destino, isso acontecer, já o sr. se esqueceu do que escreveu ou
enviou para as calendas o reconhecimento do seu equívoco. É o habitual no
jornalismo que temos. E também lhe digo que fazer comparações com pessoas do
grémio rival e das pessoas que hoje o integram é um exercício medíocre depois
destes personagens e entidade andarem há décadas a penar no futebol, só se
salvando com manobras escuras de perdões de dívida, que essas sim, nunca vi o Sr.
escrever sobre o tema e que para muitos foi uma “excepcional manobra de
engenharia financeira”… Unidos da Engenharia, 1 - Perdão da dívida FC, 1!
Bem poderia, neste tema de
“liderança”, recorrer aos gurus mais contemporâneos das Américas para abordar
os diversos tipos da dita cuja ou fazer como o sr. JP&S, recorrendo a um
humorista e “pensador”, que criou com sua mulher uma revista humorística durante
60 anos e que faleceu em 1998 com 93 anos, publicando o seu primeiro livro aos
92. Com esta habilidade de se socorrer de uma frase do dito cujo para sustentar
as suas conveniências opinativas relativamente às acções do Presidente do SL
Benfica, fez-me recordar que até Mao Tsé Tung escreveu um “livrinho vermelho”
com centenas de citações e quando ele próprio determinou numa tal “emergência”,
a extinção da passarada para depois por causa disso e nesse dramático ano, ter
dado cabo das colheitas dos seus infelizes compatriotas camponeses
provocando-lhes a fome e consequentemente as mortes deles aos milhares para
além dos pássaros, claro está. Eis como o Sr. e muitos outros escribas poderão
tirar conclusões sobre um apregoado grande líder, como foi este comunista
chinês.
O Sr. é o próprio a dizê-lo - católico,
apostólico romano. Deveria valer-lhe alguma coisa ao escrever o que escreveu.
Faz-me lembrar Vasco Santana na sua brilhante interpretação no filme “A Canção
de Lisboa” aquando da sua visita ao jardim zoológico com as suas inefáveis tias
– “chapéus há muito…”. No seu caso é substituir os chapéus por citações.
Em “A BOLA” já há muito tempo
que existe uma saga anti-SL Benfica. Bem sabemos que esta saga se esconde atrás
de uma cortina baseada muitas vezes em permissas de conveniência, falácias,
artifícios, truques na manga e malabarismos. Desaprenderam tudo o que os vossos
mestres de antanho vos ensinaram. Ou melhor, distorceram tudo.
Perante este cenário, gostaria
de ver, à partida, algo que nenhum de vós faz no pasquim – definirem-se e
declaradamente em cada artigo, mostrar a cor clubística que cada um veste.
Mas, atenção. Para a A BOLA
nem um tostão - aconteceria o que aconteceu aos camponeses chineses com a tão
propalada “liderança na emergência” de Mao Tsé Tung. A fome daria cabo de todos
vós e na melhor das hipóteses teriam de ir comer à Mitra.
É assim. Liderar na
emergência.
Saudações Gloriosas.