quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Caleidoscópio



“The Dirty Dozen”
Candidato a dragão d’ouro no próximo Festival de Cinema da Madalena


Quem viu “The Dirty Dozen”, cujo título em português é “Doze Indomáveis Patifes” e traduzido à letra é “A Dúzia Suja” - filme de 1967 com um elenco de luxo, nomeado para vários óscares e vencedor de um deles - não vai desiludir-se com esta versão portuguesa da autoria do novel realizador de praia, Fontelas Gomes. A produção cinematográfica ainda contou com as participações fugazes de Jorge Sousa, Vítor Ferreira, André Narciso, Rui Oliveira, António Nobre, Hélder Malheiro, Cláudio Pereira, Fábio Melo e Pedro Vilaça em cenas esporádicas.

Nos bastidores de apoio ao filme, como revisores de cenas e frames, para VARiar, ficaram nomes como Vasco Santos, Luís Ferreira, Bruno Paixão e Bruno Esteves e outros ajudantes menores.

Os actores protagonizam um jogo pôdre, viciado, que nos faz lembrar também uma história verídica dos anos 90 – o célebre “Apito Dourado”, com magistrais interpretações dos inesquecíveis Manos Calheiros, José Silvano, Francisco Silva, Donato Ramos, José Pratas, José Guímaro, Azevedo Duarte, Alder Dante, Martins dos Santos, Isidoro Rodrigues, Rosa Santos, Manuel Soares Dias (pai de Artur), Jacinto Paixão, Augusto Duarte e tantos, tantos outros que não resistiram aos apelos mafiosos da corja contumiliana acantonada a norte - no Calor da Noite, na Pérola Negra, na Taverna do Infante, na Casa Iluminada da Madalena com gavetas de cómoda atulhadas de notas e dinheiro sujo, em pardieiros lúgubres pintados de azul e branco e nos submundos da marginalidade, do crime, da droga, da prostituição e do proxenetismo da Inbicta - e cujo cabecilha papal se transformou no criminoso mais impune do Portugal contemporâneo, arrastando consigo um séquito de mastins raivosos bolçando raiva e ódio, e uma trupe de símios ribeirinhos com largo cadastro, eleita para sua guarda pretoriana, pedindo meças ao famigerado Zé do Telhado de outrora.

Depois de fixarem atentamente o elenco, pergunto-vos se naquela chuva de “estrelas” existirá algum actor que tenha avenças, pertença e seja adepto ou simpatizante do clube glorioso.
Digam-me um!
Um! Só um! - como dizia o outro.


Nota:
Luciano Gonçalves e sus muchachos, actores de segunda classe pertencentes à agência APAF, foram os duplos contratados para mexer na lixívia que tem branqueado muitos coliformes fecais - isto é, muita merda - produzidos pelos actores do filme.
Para eles também o reconhecimento do excelente “trabalhinho” que têm desenvolvido em apoio a Fontelas & Cia e vá lá saber-se a mais quem…

MAXIMUS VERMILLUS   


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A morcanzoada cantou antes do tempo



Taborda Xistra acabava de apitar para o final do encontro. A morcanzoada exultava, insultava e espumava de ódio. Afinal a batota continuava a resultar em pleno – a vermelhidão mourisca já estava expulsa, espoliada e despojada. Sérgio Marceneiro, o condutor da carroça onde se empoleirava a corja corrupta usurpadora da riqueza e vitória alheias, olhava feliz para o clínico da equipa e segredava-lhe:
- Purga, esta já está no papo! Já podes encomendar as faixas ao Proença e mandar gravar as medalhas à Sóninha!
Olha lá ó mister – respondia o clínico – já reparaste que ainda te falta comer os brácaros ou a lagartada, pá? E nem sei se dá para o Tiquinho jogar no sábado. É que eu tenho-lhe carregado no pitrol e não o diabo tecê-las…
- Ó Purga deixa-te dessas merdas, purga mas é discretamente o gajo mas não lhe provoques diarreia, senão lá tem que vir o comunicado a dizer que ele se sentiu indisposto… mas mesmo estando apto não irei metê-lo de início. Só o Marega lá na frente rebenta com eles, vai dar-lhes água pela barba. Não te apoquentes… - rematava Sérgio esfusiante, metendo a mão esquerda ao bolso para coçar o animal e piscando o olho ao Taborda.
E imparável, continuava:
-  E diz lá àquela pintelheira toda - nem de propósito - que limpe a vitrine onde tem as fotos das alternadeiras das arcas e das putas do Araújo, pois garanto-te que esta taça já não escapa, já lá mora, no Freixo! Está tudo por nós, pá! Até parece que vamos ganhar a Taça dos Campeões Europeus! É a CS, é o VAR, os árbitros, a APAF, o sindicato dos jornalistas da espinha dobrada, “O Jogo”, o Fui Moreira, os símios da Ribeira, o Rui Ácaro mais conhecido pela “madre Teresa de Budapeste”, o Chico Pirrolhas da “Barba Azeda”, o Aníbal “buldogue” dos violadores e todo aquele séquito de safardanas ligado ao Apito Dourado. O que tínhamos de fazer está feito – ganhar ao Benfica nem que fosse à marretada! Agora é limpar o cu aos probetanas do Varandas!
O mastim do Gonçalves desviado da algazarra e entre um par de sonoros e comemorativos rasgadores, bem medidos, encostava o seu telemóvel ao ouvido tentando saber por alguma toupeira do Ministério Público quem seria o VAR e o árbitro para a final do próximo sábado. Nem lhe importava saber quem seria o adversário. Depois da deplorável actuação do VAR(d)íssimo e da manhosice saloia do Taborda, fazendo lembrar, para gáudio da entourage corrupta, os Martins dos Santos e os Calheiros de outros tempos, o que interessava era realmente saber quem eram os novos substitutos dos Jacintos Paixões e Augustos Duartes desta vida.
- Umas calheiradas à brasileira para sábado é que binham mesmo a calhar – balbuciava ele com um trocadilho bem humorado por entre aqueles dentes caninos rangedores, acrescentando:
- Bamosber se promobemos nobamente o Isidoro. Pelo menos já anda outra bez no meio do apito como obserbador. O gajo lá por Biseu é mais conhecido que o Camões pelos piores motibos, mas temos de desenterrar mais destas múmias e tirar os esqueletos corruptos do armário do Apito Dourado e colocar estas peças todas a bulir para a máquina ficar bem completa e oleada…

Passado mais um dia, o staff arruaceiro dos morcões azuis e brancos ficou a conhecer o adversário da final. Era a lagartada, um bando de maltrapilhos e pindéricos, mas sequioso de taças, composto por uma manta de retalhos e logo alvo da habitual ironia provinciana daquela gentalha.
- Eles que se cuidem porque ainda caiem das “barandas” abaixo! – arrotava o Sérgio Marceneiro e sus muchachos em cima da carroça, exibindo dois bonecos fantoches, em que um fazia de DasBosta e outro de Jefferson peideiro.
- Ó Sérgio, já sei quem é o árbitro e lá tu, bamos ter dois (V)Bar’s! Isto não estaba no programa e se não nos pomos a pau iremos bêr a taça a boar… é como bir aqui a Braga e bê-la também por um canudo! – alertava já, a ranger novamente a dentuça, o Gonçalves pigmeu.
O Sérgio e o Purga lá ficaram com a pulga atrás da orelha, perguntando um ao outro porque é que era preciso haver dois VAR’s e logo um deles conotado com a lagartada
Hummmm…! Para além do cheiro a papel rasgado do pigmeu, poderia haver algo que não pudesse correr tão bem como no jogo anterior.

Desta vez não seriam necessários atrasos de dez minutos nem esconder o galhardete. A morcanzoada iria mostrar à plateia presente e à audiência televisiva que também há verdadeiros gentlemen, fair-play e desportivismo na Inbicta, e que o que importaria sempre primeiro, seria aviar os infiéis vermelhos da Moirama para depois toda a trupe corrupta ir rezar umas orações ao Sameiro, ao lado do papaputas das bufas e das ironias e passearem no Bom Jesus com direito a piquenique em que o prato principal seria “churrasco de lagartos”.

As coisas no sábado até começaram a correr de feição. A dez minutos do término da considerada actualmente “a grande final”, o frango do Renan era mais que suficiente. Tudo certinho, sem calafrios, com um adversário que não passava do seu meio-campo, mais parecendo uma agradável dama de companhia. Mas eis que surge o início do golpe de teatro. Descuidadamente, mesmo ao soar do gongo, o Oliver, pensando que passaria incólume tal qual quando cometeu falta no jogo anterior sobre Gabriel e que deu origem ao primeiro golo ilegal com que venceram o Satã Vermelho da Mouraria, arreou inadvertidamente um pontapé em cheio no lagarto mais próximo, dentro da sua grande área.
Penalty! - gritaram os Jeffersons e os DasBostas – é penalty, é penalty!
Pinheiro, outro árbitro-artista escolhido a dedo para decorar a taça que pressupostamente já estava no papo, a dois metros da ocorrência e a olhar para o lance, como sempre assobiou para o ar não conseguindo ver o que todo o mundo já tinha visto e revisto.
Acudam! – gritavam os lagartos em pêso – vá ao VAR, crlh! Vá ao VAR!
Pinheiro não teve alternativa. Ainda com o apito entupido e a suspirar por não sei bem o quê, pediu a ajuda dos dois VAR’s. A evidência era tal, que irremediavelmente teria de ser penalty contra a morcanzoada, sim senhor, sem sombra de dúvida!
Querem ber, querem ber, que lá foi o “esquema” todo por água abaixo… - arengava o Gonçalves para os seus botões.
E foi mesmo. O grandalhão piscineiro do pijama verde às riscas acabou por enfiar a bola nas redes, evitando a derrota no pintelhésimo segundo da contenda e agora no desempate nos penaltys não haveria ponta por onde pegar ao árbitro Pinheiro.

E assim, ao fim da série de cinco penalidades para cada equipa aquilo que estava no papo, transformou-se num sapo vivo gigante difícil de engolir. A digestão foi tão difícil que o fair-play foi lançado directamente da ponte de D. Luís abaixo, indo parar ao Calor da Noite e à Taverna do Infante! Nem as medalhas se salvaram!
Uma atirada para a bancada, com Sérgio Marceneiro tentando imitar o discóbolo de Miron da Antiguidade Clássica, mas mostrando a todo o mundo que os discóbolos ressaibiados da Inbicta não sabem perder ao contrário da beleza artística da escultura grega. A outra, atirada violenta e desvairadamente, já na bancada, contra um adepto adversário como arma de arremesso, por um subordinado do Maceneiro. Bons exemplos para os filhos de ambos. Foi um fartote de azedume. Depois de todos aqueles salamaleques antes do desafio, assistiu-se ao triste espectáculo de mau perder da escumalha azul e bronca que campeia impunemente de norte a sul, nesta terrinha de brandos costumes. Uma selvajaria verbal e comportamental inacreditável. Absolutamente miserável!
Chico Pirrolhas da Barba Azeda, a alimária comunicacional da corja corrupta, acometido de azia severa e diarreia mental aguda perdeu o pio e mandou às malvas o seu facebook por um dia – faltava-lhe nessa noite o Pinta Roda Pés do Saraiva sem Pescoço como muleta para desancar mais uma vez na Moirama Vermelha.
Por último, ainda conseguimos ouvir a habitual ironia do “rei” do Calor da Noite e afins:
- Desta, já nos livrámos!...Outra vez! Isto está mesmo a tornar-se insuportável!


Com a devida vénia a
GRÃO VASCO

MAXIMUS VERMILLUS