OPINIÃODESILUSÃO (OU TALVEZ NÃO) E ERROS DA JORNADA
Desilusão (ou talvez não) e erros da jornada
OPINIÃO08:30 • Duarte Gomes
O poder da palavra é o espaço de opinião semanal de Duarte Gomes, antigo árbitro e atual comentador de arbitragem
Ando na bola desde miúdo. Comecei aos nove como jogador que rapidamente percebeu que o futuro não passava por ali. Mais tarde abracei carreira na arbitragem e, pronto, durou vinte e cinco anos. Ainda ando por perto aos cinquenta e um, ainda que em funções diferentes.
Ao longo destes anos no futebol tive a oportunidade de lidar com gente de muitas áreas e locais, de diferentes estatutos e responsabilidades. Lidei com pessoas que tratam carinhosamente dos relvado e com dirigentes que dirigem clubes e SAD's. Lidei com jovens da formação e com futebolistas de elite. Conheci o lado melhor e pior da indústria, com momentos memoráveis e situações horríveis, com pessoas boas e gente que não presta. Nada de novo, não fosse este universo o reflexo da vida em si, da própria humanidade.
A parte boa no meio disto tudo é que as pessoas de bem são mais, são a maioria até. Estou a falar de gente decente, vertical, íntegra, que trabalha para o bem comum, que veste a camisola, que dá o seu melhor todos os dias. Gente correta, educada, transparente, com defeitos pois claro, mas coluna robusta. Gente por vezes impulsiva, teimosa, de personalidade vincada e até com pêlo na venta, mas que se percebe ser genuinamente boa. Do bem. Isso é muito reconfortante, porque devolve-nos a esperança no ser humano e, mais importante, dá-nos paciência para lidarmos com as outras.
E nos últimos tempos, vá-se lá saber porquê, tenho lidado com o estigma da desilusão em relação a meia dúzia de figuras que, confesso, tinha como referência neste meio. Estou a falar de pessoas com obra feita, educação, elevação, bom trato. Pessoas que jamais se mostrariam acossadas, fosse porque motivo fosse. Pessoas que estariam bem acima da espuma quotidiana e por vezes injusta que faz parte da indústria. Pessoas que responderiam às críticas com a serenidade da razão ou com a força inestimável do silêncio.
Mas num ápice, num abrir e fechar de olhos, é vê-las cair a pique, sem páraquedas, sem filtros, sem nada. Um trambolhão vertiginoso na consideração. Uma desilusão pegada, inesperada, que nos relembra que nunca devemos criar expetativas em relação a quem quer que seja. Há sempre coisas boas a retirar deste tipo de lições, mas neste caso nem vale a pena. Será o tempo a dar-lhes o devido destino e, claro, a condená-las ao pior dos infernos: o esquecimento.
Fim de semana com erros de arbitragem
Alguns jogos mais mediáticos da última jornada tiveram erros de arbitragem com impacto nos resultados finais. É preciso dizê-lo de forma clara e com sentido crítico fundamentado, porque só esse pode ajudar a classe a crescer.
O problema continua a centrar-se na inexperiência competitiva de alguns e na incompetência pontual de outros, no que diz respeito à análise de determinadas situações de jogo. E isso trabalha-se. Trabalha-se a partir pedra, que é como quem diz, com treino, insistência e dedicação. E quando isso não chega, quando isso não resolve, é importante ter a coragem de afastar destas funções pessoas que repetidamente cometem erros comprometedores. Todos fazem falta na arbitragem, mas nem todos têm perfil para analisar lances em campo ou em sala. E está tudo bem, porque terão seguramente perfil para outras funções relevantes.
Mas os tais erros, que na verdade contaram-se pelos dedos de uma só mão, aconteceram entre centenas e centenas de excelentes decisões, que também devem ser valorizadas. Mais: esses erros não podem servir de respaldo a outros cometidos por outros agentes desportivos, também eles bem evidentes aos olhos de todos nós. Tenhamos o bom senso e a elevação de perceber que o caminho ideal não é o da desculpabilização fácil, mas o de cada um trabalhar a base do seu próprio problema, na sua própria casa.
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Após a leitura deste hino à hipocrisia subscrito pelo pequeno sabichão do apito só me resta esboçar um sorriso de absoluto desprezo.
É chocante constatar como um ex-jornal desportivo de referência alimenta tanta bazófia, vaidade e pretensiosismo barato.
"NEM DE BORLA" como soe dizer-se!
MAXIMUS VERMILLUS