domingo, 8 de janeiro de 2023

ONZE PORCINOS E UM BOI À BOLEIA DE UM FERRARI

Nem assim conseguiram atingir a meta. Com o Ferrari a todo o gás e num só sentido, a vara e o cornúpeto, convictos do seu sucesso confiaram na máquina. E a máquina correspondeu em pleno. Logo de início abalou a concorrência, fechando os olhos a infracções e viciando a corrida. A boleia, bem urdida durante a semana, garantia à partida o objectivo pretendido.

Se não fosse de uma maneira, seria de outra. E logo se constatou que a melhor solução seria o Ferrari varrer a estrada, passando por cima de toda a folha com os semáforos amarelos, acabando a passar o vermelho, trucidando assim quem quisesse fazer frente à vara desenfreada.

Complementando o cenário e suspeitando que com a conivência de supostos obstáculos melhor seria a noite.

Na Inbicta Corrupta, a confiança era total. A corrida estava à partida ganha, com uma limpeza à casa e particularmente à pia, mantendo-se a distância necessária para todos os frequentadores do Chiqueiro do Freixo irem aspirando em breve ao poleiro, com “rio” bazófias acima e com um “lobo” esfaimado descendo ao povoado.

Durante 100 minutos o Ferrari teve uma prestação soberba. É sempre assim. Ao ver porcinos à beira da estrada pára sempre para dar aquela boleia providencial. Só que desta vez, os animais nem com essa ajuda chegaram à meta. O Ferrari deu o que tinha a dar e a mais não seria obrigado. Para escandaleira já chegava o sucedido. E a vara não conseguiu truques suficientes, perdendo-se pelo caminho.

Assim a corrida empatou e na berma viam-se os porcinos irritados e o boi a mugir, olhando a meta mais longe.

A pergunta fica.

Por que será que um Ferrari quando vê porcinos à beira da estrada, lhes tem de dar sempre obrigatoriamente boleia?

 

Tratado de Suinicultura, “A vara à boleia de um Ferrari”, pág 8

 


 

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