segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

“NUNCA TANTOS DEVERAM A TÃO POUCOS”




A História do Grande Benfica de 60 fez-se com Homens extraordinários. Homens simples, anónimos, que pela sua paixão, pelo seu amor, pela sua dedicação e sacrifícios ao Clube, marcaram indelevelmente uma época gloriosa de grande exaltação clubística. Uma época que foi sem qualquer dúvida e até hoje, a Época de Ouro do Glorioso Sport Lisboa e Benfica.

Os primórdios dos anos 60 do século passado continuaram a ser tempos difíceis para o nosso país tal como sempre tinha acontecido nas décadas anteriores, mas também foram tempos em que começaram a soprar notoriamente ventos de mudança – política, social e culturalmente. Portugal foi confrontado com o início da Guerra Colonial acompanhado de uma crescente contestação, através mesmo de acções armadas avulsas – assalto ao paquete Sta. Maria – e outras, em relação às políticas adoptadas que o regime autoritário e ditatorial, liderado por Salazar, impunha pela força e pela mordaça.

Esta obra - RUTH – cinematográfica, uma longa-metragem baseada em factos verídicos, é acima de tudo um documento extraordinário que retrata fielmente esses tempos de um país orgulhosamente só e isolado não só da Europa livre e democrática, como também das grandes potências de então – os EUA e a URSS. Caracteriza também a sociedade portuguesa à época, com destaque para o seu mundo futebolístico. E é este mundo de paixões, sempre em grande ebulição nas suas rivalidades, que serve de base a toda a essência do filme – a luta titânica entre os dois principais clubes de Lisboa para garantir como jogador de futebol um rapazinho negro, apelidado nos meios desportivos de Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique, de “pérola do Índico”. Esse fabuloso rapazinho, com um talento extraordinário para o futebol, era Eusébio, mais tarde conhecido pelo “pantera negra” e por fim, internacionalmente consagrado como o “King”, ficando para a história do desporto nacional como o maior futebolista português de todos os tempos.

Por ironia do destino não me foi possível ver o filme aquando da sua estreia nos cinemas, em Maio do ano passado, mas recomendado por um grande Benfiquista fui alertado para a sua edição em DVD o que me permitiu adquiri-lo, visionando-o na tranquilidade e conforto do lar. O momento, delicioso, pleno de humor, prolongando-se por 100 minutos imperdíveis de uma história intensa, rica em pormenores, trouxe-me um novo alento, aqueceu a minha alma rubra e preencheu todos os cantos do meu coração benfiquista, obrigando-me a rever a obra logo no dia seguinte.

E de entre todo o Benfiquismo que o filme transpira, o que mais me sensibilizou, foi a vontade, o empenho, a arte e o engenho de um punhado de Benfiquistas, a maioria deles adeptos simples, anónimos, dos mais diversos extractos sociais e classes profissionais, comungando todos de uma extraordinária união e que perante as dificuldades e obstáculos impostos pela élite desportiva dirigente dominante e pelos políticos de então, todos afectos ao seu rival de sempre, conseguiram em diversos e hábeis volte-faces, surpreender o poder instituído que tentou tudo por tudo para que Eusébio nunca viesse a envergar a camisola vermelha dos papoilas saltitantes. Muito embora já tivesse lido muito sobre o tema, esta belíssima obra que é um hino e uma homenagem ao Benfiquista Autêntico, ao nosso “soldado desconhecido”, trouxe novas facetas desses muitos episódios que para lá de serem um testemunho fantástico da grandeza e da glória do Benfica, mostram que a simplicidade, a militância e a sagacidade dos seus adeptos são e serão sempre um bem inestimável que urge preservar e cultivar, especialmente pelas gerações mais novas que nem sequer imaginam as dificuldades por que passaram os Benfiquistas dessa época e de outras ainda bem mais recentes para que o Sport Lisboa e Benfica seja o colosso desportivo e futebolístico que é hoje.


O meu sincero desejo é que RUTH – nome de mulher e curiosamente de um código que durante um tempo precioso foi indecifrável para o inimigo - como história verídica ideal na mais pura acepção do Benfiquismo militante, sirva de exemplo a muitos daqueles que quer por ambição, vaidade pessoal ou outros desígnios, se atrevem a beliscar e a delapidar o património material e imaterial do Sport Lisboa e Benfica, lançando vaias, criando suspeições, criticando por tudo e por nada, tentando lançar outra vez o Clube na anarquia e na guerra civil. A esses, recomendo-lhes vivamente que vejam e revejam o filme, que será sempre aquilo que eu e muitos da minha geração e de gerações anteriores e posteriores próximas, aprenderam há muito tempo – “Ser do Benfica”!

“NUNCA TANTOS DEVERAM A TÃO POUCOS”!

Mário Tavares de Melo
Talhante, delegado do Sport Lisboa e Benfica em Lourenço Marques
Albertino Malosso
Talhante, sócio de Mário Tavares de Melo
Abel
Funcionário dos CTT em Lourenço Marques
Major Rodrigues Carvalho
militar em Lourenço Marques e Benfiquista
Abreu
funcionário dos CTT, telefones, Lisboa
“Vizinho do Hilário”
Benfiquista anónimo
Domingos Claudino
Director do Benfica
Gastão Silva
Director do Benfica
Martins da Cruz
Advogado do Benfica
Catarino Duarte
Futuro presidente e sócio benemérito do Sport Lisboa e Benfica
Maurício Vieira de Brito
Presidente do Sport Lisboa e Benfica


… E que me perdoem aqueles dos quais me possa ter esquecido!

Parabéns ao jovem realizador António Pinhão Botelho e à argumentista, sua senhora mãe, D. Leonor Pinhão.
Parabéns a todo o elenco e a todos os que trabalharam nesta obra.

UM GRANDE FILME!



NOTA

À atenção da Direcção do Sport Lisboa e Benfica e seu Presidente Luís Filipe Vieira

Esta obra deveria ser exibida em todas as Casas do Benfica, em Portugal e no Mundo, uma vez, todos os anos.

A BTV deveria obrigatoriamente passar RUTH nas suas emissões, 4 vezes por ano durante 10 anos.

Todos os atletas do Benfica deveriam ser obrigados a ver RUTH, pelo menos uma vez.

Todos os Benfiquistas deverão ver este filme uma vez na vida.


MAXIMUS VERMILLUS   

5 comentários:

  1. Um filme que me fez virem as lágrimas aos olhos. Um banho de benfiquismo. Obrigado a quem contribuiu para esta obra inesquecível.
    Sérgio.

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  2. Comungo das mesmas opiniões caro Maximus. Também vi o filme que adorei. A história (devia ter H grande) embora arrebatadora qual filme de acção e mistério, é contudo baseada em factos reais. Gostei, neste post, além do mais, a parte final com as sugestões, nomeadamente a possibilidade da BTV passar este filme. Isso é que era!

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  3. Vi no cinema e também gostei. Baseado em factos reais, retrato da época, boa dose de humor, a inteligência do Povo Benfiquista a ludibriar a poderosa aristocracia lagarta... Concordo que deve passar regularmente na BenficaTV.

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  4. Onde posso comprar o DVD??? Com esta bela prosa fiquei entusiasmado

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  5. Anónimo das 03:07, 15 de janeiro de 2019

    FNAC!

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